O enorme potencial de crescimento do Brasil na exportação de frutas é claro e evidente. O país é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, mas está no 24º no ranking mundial de vendas para o mercado internacional. O principal desafio: garantir a logística adequada em longas distâncias para um produto tão delicado quanto frutas premium.
O tema foi destaque do segundo dia da 9ª Semana Cultural Allog, evento que conecta o time de colaboradores das 3 empresas do grupo (Allog, FTrade e Fortallog) às principais tendências do setor. Erika Marques, diretora comercial da FTrade — empresa do Grupo Allog e líder em cargas perecíveis via modal marítimo —, e Alexandre Duarte, CEO da Fermac Cargo, referência em transporte aéreo de frutas, falaram sobre expectativa e oportunidades do mercado na palestra “Do Nordeste para o Mundo: Transporte de frutas perecíveis no Aéreo e Marítimo”.
Exportação de frutas: Europa é o principal destino
Segundo Erika, o principal mercado consumidor da fruta brasileira é a Europa, onde há alta exigência por produtos frescos e sem resíduos agrícolas. Recentemente, o governo chinês também autorizou a entrada de produtos como melão e uva do Brasil, abrindo portas importantes na Ásia – ainda que os desafios logísticos, especialmente na infraestrutura e tempo de trânsito, ainda impeçam uma expansão mais acelerada nesse eixo.
O setor já movimenta uma cadeia produtiva que gera cerca de 5 milhões de empregos. “A maior parte do volume sai do Nordeste, considerado um celeiro de frutas tropicais de alta qualidade. Este é um trabalho que desenvolvemos e aprimoramos há pelo menos 30 anos junto aos principais produtores da região”, explica Alexandre.
Aéreo x Marítimo: cada fruta no seu tempo
Alexandre Duarte destacou o papel estratégico do transporte aéreo, ideal para frutas premium que precisam chegar ao destino em poucos dias. “Uma fruta colhida hoje no Nordeste pode estar em um supermercado de Paris em menos de 48 horas. Isso exige um nível altíssimo de planejamento, espaço garantido nas aeronaves e serviço confiável”, comentou.
>>> Como garantir uma logística internacional eficiente.
Erika Marques trouxe dados sobre a força do modal marítimo no cenário da carga refrigerada para a exportação de frutas, especialmente no transporte em larga escala. A FTrade detém 68% do market share entre os agentes de carga na exportação de frutas brasileiras via marítimo. Ela desenvolve estratégias de sinergia entre transportadores, armazéns e portos para manter a cadeia funcionando com excelência. “O transporte de frutas é sensível e complexo. Não há margem para erro: se faltar espaço no navio ou se houver atraso, a fruta estraga”, alertou.
Planejamento e apoio governamental: chaves para o futuro
Ambos os especialistas reforçaram que exportar frutas exige muito mais do que logística — é preciso conhecimento técnico, preparo da cadeia, equipamentos adequados, previsibilidade e apoio local. “O Brasil tem produtos premium, como a uva sem semente e a manga, mas falta incentivo. Sem uma aviação nacional fortalecida, ficamos nas mãos de companhias internacionais que ditam preços e rotas”, afirmou Alexandre.
Apesar dos desafios, o futuro é promissor. A safra 2025/2026 tem perspectivas positivas, impulsionada pelo aumento global no consumo de alimentos saudáveis. Com isso, a tendência é de crescimento na demanda por frutas brasileiras, desde que o país invista em estrutura, capacitação e acordos internacionais para facilitar o comércio.