Seca no Rio Amazonas e no Canal do Panamá gera impacto na movimentação de cargas

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O contínuo aumento da vazante do Rio Negro, em Manaus, – ampliado pelo fenômeno El Niño – tem provocado seca no Rio Amazonas com um impacto significativo nos custos operacionais das companhias de navegação. Para atenuar este efeito, os armadores que operam no Porto de Manaus estão aplicando uma taxa extra denominada Low Water Surcharge nas cargas de importação e exportação.

A taxa extra ocorre porque a restrição de navegabilidade afeta diretamente a capacidade de carga com que os navios podem transitar pelo rio. Isso limita embarques e desembarques dos contêineres em torno de 40%. A medida é aplicada pelos armadores como forma de contrabalançar os custos operacionais.

seca no Rio Amazonas

As companhias continuam a avaliar estratégias de longo prazo para ajudar a regularizar a situação. Cientistas explicam que a influência do El Niño causa redução de chuvas e impacta no movimento de subida e descida dos rios da Bacia Amazônica. O impacto é semelhante ao registrado no Panamá, onde, por conta da falta de chuvas, fez com que os níveis de água do lago que abastece o Canal do Panamá caíssem drasticamente. Isso forçou as autoridades locais a restringirem o número de navios que podem utilizar diariamente a via navegável de 82 quilômetros. Ela foi construída para permitir a passagem de navios entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Seca severa

Segundo dados do Serviço Geológico do Brasil, as principais bacias dos rios afluentes como o Rio Negro e o Rio Solimões têm apresentado comportamento de vazante que está abaixo da faixa da normalidade para a época. As médias diárias giram em torno de 15 centímetros.

De acordo com as medições no Porto de Manaus realizadas desde 1903, a mínima histórica do Rio Negro ocorreu em 2010, com 13,63 metros. Esta foi considerada a seca mais severa já ocorrida na Amazônia. Ela foi comprovada por um estudo publicado em 2016 na revista Science por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e da universidade britânica de Leeds. O recorde anterior, de 13,64 metros, havia sido registrado em 1963. A seca em todos os rios afluentes impacta diretamente no rio da capital do Amazonas, onde está localizado o porto.

Canal do Panamá

Considerado uma maravilha da engenharia e responsável por movimentar cerca de 6% do comércio marítimo mundial entre os dois oceanos, o Canal do Panamá depende da água da chuva para movimentar os navios através de uma série de eclusas. Em 2022, uma média de 40 navios passavam pelo canal por dia, volume reduzido, no momento, para 32.

Cada embarcação necessita de 200 milhões de litros de água doce para passar pelas eclusas do canal. O calado máximo – que se refere à profundidade dos navios na água – também foi fixado em 13,11 metros no momento. Cientistas associam a crise às mudanças climáticas, incluindo o El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. Com isso, o nível de chuvas na área do canal está entre 30% e 50% abaixo do normal.

seca no Rio Amazonas

Os operadores do canal temem que as companhias marítimas comecem a optar por rotas alternativas se as restrições continuarem a limitar a navegação. Uma alternativa é a passagem natural no extremo da América do Sul entre o continente e o arquipélago da Terra do Fogo.

Desta forma, fica claro que o fenômeno climático exerce significativa influência no limite dos rios, tanto no Rio Amazonas como no Panamá. Isso provoca um impacto direto na capacidade dos navios e no tempo de fornecimento de insumos e matérias-primas, devido à baixa navegabilidade. “Portanto, o El Niño torna ainda mais severos os períodos de seca, gerando impactos financeiros e operacionais para todo o setor industrial do Amazonas”, conclui Priscila Lacerda Barreto, consultora comercial da Allog.

 

seca no Rio Amazonas

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