O verde e amarelo da camiseta da seleção brasileira de futebol já encantou dezenas de gerações e mostrou ao mundo que o Brasil é o “país do futebol”. Mas, dá para imaginar que muito antes da seleção vestir a camisa amarela, o calção azul e as meias brancas, os jogadores brasileiros usaram camisa branca por quase meio século?
O branco saiu de cena definitivamente após a trágica derrota para o Uruguai em pleno Maracanã que decretou o fim do sonho do primeiro título mundial brasileiro em casa, em 1950. Naquela ocasião, o Brasil jogou todo de branco com frisos em azul. Em 1952, o jornal carioca Correio da Manhã fez um concurso para escolher o novo uniforme do Brasil.
O vencedor foi o gaúcho de 18 anos Aldyr Garcia Schlle – torcedor assumido da seleção uruguaia – que sugeriu “camisa amarelo-ouro com frisos verdes nas golas e punhos, calção azul-cobalto com uma listra branca ao lado e meias brancas com listras verdes e amarelas”. Pronto! Nascia o manto histórico que mudaria para sempre a trajetória da seleção brasileira.
Depois de estrear nos Jogos Olímpicos de 1952, o novo uniforme brasileiro teve seu primeiro grande momento na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, que atualmente tem em seu uniforme titular o amarelo e o azul. Depois de despachar os rivais pelo caminho, o Brasil chegou à final contra a anfitriã e teria a chance de conquistar o mundo com as cores que realmente eram dignas de sua bandeira. Por ironia do destino, o Brasil jogou de azul aquela final e, mesmo assim, faturou a taça.
O criador da camiseta
O escritor gaúcho Aldyr Schlee publicou 20 livros, seis deles de contos. Foi planejador gráfico do jornal Última Hora, repórter e redator. Em Pelotas, ajudou a fundar a faculdade de Jornalismo e deu aulas por 30 anos. Mas seu feito histórico de mais repercussão foi a criação do uniforme verde e amarelo da seleção brasileira, embora torcesse pelo Uruguai.
Há uma explicação: Aldyr nasceu em Jaguarão (RS) a 200 metros do Uruguai e 600 km de Porto Alegre. Sua formação como torcedor foi baseada no futebol platino. Aldyr, que era desenhista e caricaturista – jornais de Pelotas publicavam gols de jogos desenhados por ele –, passou três dias debruçado numa mesa. Entre rabiscos de calções verde, amarelo e azul, pensou: “O que representa a nacionalidade é o verde e amarelo”. Fez então a camiseta amarela com detalhes em verde, o calção azul e o meião branco.
Nascia a Seleção Canarinho, assim apelidada por um radialista. Após o concurso, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), oficializou o uniforme. Como prêmio, Aldyr, aos 18 anos, ganhou o equivalente a R$ 20 mil e um estágio no Correio da Manhã.
>> Baixe seu E-Book gratuito Dicionário do COMEX