Mudanças climáticas na Europa e como isso afeta o Brasil

Compartilhe esse artigo

A Europa enfrenta uma série de desafios climáticos exacerbados pelas mudanças climáticas globais, que estão impactando diversos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes ameaçam a saúde pública e aumentam o risco de incêndios florestais devastadores, como visto em países mediterrâneos como Grécia, Espanha e Itália. Chuvas intensas e tempestades, impulsionadas por alterações nos padrões climáticos, têm causado inundações prejudiciais e destruição de infraestrutura em países como Alemanha e Bélgica, evidenciando a vulnerabilidade da região às mudanças climáticas.

Em resposta, a União Europeia e seus países membros têm adotado políticas e ações climáticas robustas para mitigar e adaptar-se às mudanças climáticas. O Acordo de Paris, um pacto internacional assinado em 2015, compromete a Europa a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Internamente, o Pacto Verde Europeu, lançado em 2019, visa transformar a Europa no primeiro continente neutro em carbono até 2050, promovendo investimentos em energia limpa, transportes sustentáveis, e soluções de infraestrutura resilientes. Políticas nacionais, como o “Energiewende” da Alemanha, também exemplificam os esforços para transitar para energias renováveis, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e buscando uma economia mais verde e sustentável.

Impactos Globais das Mudanças Climáticas na Europa

As mudanças climáticas na Europa não afetam apenas o continente, mas repercutem em sistemas globais, incluindo a circulação atmosférica e as correntes oceânicas. O aumento das temperaturas influenciam na alteração do clima em outras regiões, como o aquecimento em partes do Ártico e eventos extremos na América do Norte e Ásia. Esse efeito dominó ressalta a importância das ações europeias para mitigar os impactos climáticos globais.

As mudanças climáticas também impactam cadeias de suprimento internacionais, especialmente em setores interconectados como alimentação, energia e tecnologia. Por exemplo, como ocorreu com a escassez hídrica que afeta hidrelétricas e o transporte de carvão pelo Reno. Esse impacto na infraestrutura energética europeia reverbera em cadeias globais, afetando os preços e a disponibilidade de energia em outros continentes. As cadeias tecnológicas, que dependem de metais raros e recursos importados, também são prejudicadas pela instabilidade climática, afetando indústrias de eletrônicos e energias renováveis em uma escala global (World Economic Forum, 2023; IPCC, 2021).

Impactos no Comércio Internacional e no Brasil

Atualmente a Europa é o segundo principal parceiro comercial do Brasil, sendo responsável por 15% das exportações brasileiras, e com o tema de mudanças climáticas em pauta, juntamente com os desastres ambientais que estão ocorrendo, o continente tem optado por realizar mudanças nas regulamentações ambientais e consequentemente, nos padrões de importação e exportação, obtendo uma demanda crescente por produtos sustentáveis. Com isso, foi criado o Green Deal, que seria um imposto sobre carbono Fronteiriço, conhecido como CBAM, sendo um mecanismo que a União Europeia está utilizando para reduzir a emissão de carbono e auxiliar no controle do efeito estufa. A fase de reporte obrigatório começou em outubro de 2023, obrigando importadores de produtos como aço, alumínio, cimento, fertilizantes, eletricidade e hidrogênio a comunicar as emissões relacionadas aos produtos importados. A cobrança financeira deve começar em 2026, quando os importadores serão obrigados a adquirir certificados de carbono que representem as emissões de carbono incorporadas nos produtos importados. Como consequência para o Brasil, significa que os exportadores terão que se adaptar ao novo regimento, tendo um custo maior na fabricação de alguns produtos.

Diplomacia Climática e Cooperação Internacional

Nos últimos meses, países como Polônia, Áustria, República Tcheca e Romênia têm enfrentado severas inundações, resultando em tragédias humanas e enormes prejuízos econômicos. A Polônia, um dos países mais atingidos, sofreu perdas estimadas em cerca de 9 bilhões de dólares, aproximadamente 1% do seu PIB. Esses desastres ressaltam a necessidade urgente de adaptação às mudanças climáticas, que têm gerado impactos profundos na Europa Central e Oriental. Especialistas em clima defendem que esses eventos extremos exigem respostas rápidas e um forte compromisso governamental para atingir as metas de emissões líquidas zero. Embora a sociedade já reconheça a urgência, é crucial que essa conscientização se transforme em políticas efetivas.

Impacto nas Políticas Ambientais Brasileiras

Recentemente, a União Europeia aprovou a Regulamentação Anti-Desmatamento da União Europeia, prevista para entrar em vigor em dezembro de 2024. A nova legislação exige auditorias de fornecedores para exportadores de commodities (carne, soja, couro, madeira, entre outros) como forma de garantir que não sejam oriundos de áreas desmatadas após 2020. O Brasil, que é um dos principais exportadores destes itens para a Europa, enviou uma solicitação ao bloco pedindo para reavaliar a regulamentação e a data de início de vigência, mas foi negada. A medida é vista como prejudicial às exportações e, segundo a carta enviada pelo governo brasileiro, “viola as regras multilaterais de comércio e encarece custos da produção rural”.

Portanto, podemos concluir que, o Brasil necessita acompanhar as medidas implementadas na Europa, para que assim, continue sendo um parceiro comercial ativo com a Europa, além disso, conforme for sendo implementado essas mudanças, menos países serão aptos para continuar as exportações para a Europa, podendo, assim, o Brasil crescer ainda mais na balança comercial.

 

Artigo desenvolvido pela colaboradora Brenda Souza, como parte de um trabalho acadêmico do curso de Comércio Exterior.

Mais artigos

Notícias do Mercado

Brasil precisa entender a lógica de comércio da Ásia, afirma Apex

Thais Moretz, especialista em China, afirmou que expandir mercados na atual conjuntura mundial é um grande desafio   O Brasil precisa entender a lógica de pensamento e de comércio dos países asiáticos se quiser expandir sua participação nesse mercado. Quem afirma é a especialista em China da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Thais

Blog

IMO 2020: entenda o novo limite de enxofre no transporte marítimo

Você já ouviu falar de IMO 2020? Sabe o que é isso? Mudanças no mercado internacional vem por aí! A Organização Marítima Internacional (IMO), organismo da ONU responsável por garantir uma indústria mundial limpa, segura e eficiente de transporte marítimo, implementará novas regulamentações a partir do próximo ano. A IMO 2020 promete mudanças na frota

Rolar para cima