Os ataques no Mar Vermelho vêm causando uma série de distúrbios significativos no comércio internacional. A rota marítima que conecta a Ásia à Europa enfrenta desafios que impactam a economia global de diversas maneiras. O aumento do tempo e custo do transporte, a escassez de contêineres e o congestionamento nos portos são alguns dos principais impactos.
A busca por soluções e a adaptação às novas rotas são essenciais para minimizar os efeitos negativos na economia global. Felipe Pimpão Giocondo, analisa de importação de produtos do Grupo Allog, lembra que é importante entender geograficamente onde fica situado o Mar Vermelho no mapa global.
Localizado no sul do Iêmen, o Mar Vermelho é a principal porta de entrada para os navios provenientes da Ásia até o Canal de Suez e, consequentemente, a principal porta de saída dos navios oriundos da Europa com destino à Ásia. Estima-se que 15% do comércio global passe pelo Mar Vermelho todos os anos.
Ataques no Mar Vermelho: por onde desviar?
A solução para evitar esse caminho tem sido desviar as rotas que utilizam o Canal de Suez para o Sul da África, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Esse desvio, no entanto, acarreta em um aumento de 6.500 quilômetros, cerca de 12 dias a mais que o usual. “Com isso, os impactos logísticos acontecem tanto nas exportações quanto nas importações que dependem deste desvio”, cita o profissional do Grupo Allog.
Déficit de contêineres vazios
Outro fator importante a destacar é a disponibilidade de contêineres vazios em toda a cadeia global. Com a mudança na rota e o aumento no trânsito dos navios, a reposição dos contêineres vazios nos portos do mundo vem acontecendo mais devagar.
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Por exemplo, pelo Canal de Suez, um navio saindo de Taiwan demora, em média, 26 dias até Rotterdam. Já se contornar o Cabo da Boa Esperança, são 38 dias. “Temos 12 dias de GAP entre o que a cadeia está habituada. Isso está diminuindo as entradas de novos contêineres nos portos gerando um déficit destes equipamentos. Em resumo, os principais impactos são operacionais e também de custos”, lembra Felipe Pimpão Giocondo.
Vai gerar aumento no frete?
O resultado tem sido também no aumento nos preços cobrados pelo transporte de mercadorias entre a Ásia e a Europa devido à necessidade de circunavegar o continente africano. “Com desvio nas rotas e aumento no trânsito, o custo operacional dos armadores tem aumentado, já que são obrigados a repassar esses aumentos. A exemplo do período de pandemia, o impacto deve ser em toda a cadeia”, cita.
Conforme o analista, se os ataques demorarem para cessar, é provável que se perceba um aumento no trânsito das mercadorias, e a rota via Europa pode deixar de ser uma opção, abrindo porta para novas rotas.
O que fazer para ajudar o mercado?
“A Allog vem lidando com muita transparência junto aos seus clientes e parceiros, buscando sempre antecipar novos acontecimentos e prover soluções. Estamos com o time todo empenhado e em contato com todos os stakeholders mundo afora para minimizar os problemas gerados”, pontua Felipe.
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A empresa também está sendo o mais transparente possível, buscando levar para os clientes todas as informações possíveis. “Nossa sugestão é que procurem organizar com antecedência suas demandas a fim de minimizar surpresas, tanto em relação aos níveis de frete quanto ao tempo de trânsito. A ideia é tentar se antecipar a estes problemas com soluções específicas para cada necessidade”, completa.