Que tal fazermos uma retrospectiva do Comex em 2023? O ano foi marcado por importantes avanços para a economia brasileira, com destaque para o setor agroexportador. O país alcançou em novembro o recorde de US$ 300 bilhões nas exportações e o desempenho do agronegócio brasileiro foi determinante para o superávit comercial recorde de US$ 86 bilhões registrado no ano. Esse resultado foi impulsionado pela alta dos preços das commodities agrícolas, como soja, milho e açúcar, e pelo crescimento da demanda global por alimentos.
O PIB do país, no entanto, cresceu 1,7% em 2023, abaixo do resultado de 2022 (4,6%). A taxa Selic – principal taxa de juros do país – atingiu 13,25% ao ano em agosto, o maior patamar da história. O IPCA, o índice de inflação oficial do Brasil, fechou o ano em 5,3%, acima da meta de 3,5%.
Na retrospectiva do Comex, as exportações de produtos agrícolas cresceram 14,2% em valor, atingindo US$ 130,1 bilhões. O principal produto exportado foi a soja, com US$ 44,5 bilhões. Em seguida, vieram o milho (US$ 28,2 bilhões) e a carne bovina (US$ 22,2 bilhões). Os principais destinos das exportações agrícolas brasileiras foram a China (US$ 39,1 bilhões), a União Europeia (US$ 24,3 bilhões) e os Estados Unidos (US$ 20,9 bilhões).
Economia brasileira e Comércio Exterior
O ano de 2023 também foi marcado por alguns desafios para a economia brasileira. A seca na região Norte do país impactou o escoamento de exportações, causando atrasos e aumento dos custos. Além disso, os impasses que ainda travam o acordo entre o Mercosul e a União Europeia continuam a prejudicar o comércio exterior brasileiro.
No setor de energia, o Brasil registrou um avanço significativo na geração de energia solar. A capacidade instalada de energia solar fotovoltaica no país chegou a 18,2 GW, um aumento de 84% em relação a 2022.
No setor de logística, o Grupo Allog anunciou a compra da FTrade e Fortallog, duas empresas cearenses do setor, reforçando a estratégia da empresa de expandir sua atuação no Nordeste do país.
Desafios logísticos para 2024
Apesar dos avanços registrados em 2023, a economia brasileira ainda enfrenta alguns desafios. A inflação, por exemplo, segue em alta, e a taxa de desemprego ainda é elevada. Outro desafio para o ano de 2024 é a aprovação do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Em negociação há mais de 20 anos, o acordo seria um importante impulso para o comércio das duas regiões.
Confira a retrospectiva do Comex com as 10 principais notícias de 2023:
1) Exportações brasileiras superam marca de US$ 300 bilhões
Pelo segundo ano seguido, as exportações brasileiras superaram a marca de US$ 300 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado foi atingido após a balança comercial registrar superávit de US$ 1,963 bilhão na terceira semana de novembro.
2) “Brasil será maior agro do mundo em 2035”, afirma presidente da Farsul
“O Brasil será o maior produtor de alimentos do mundo em 2035”, disse o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e segundo vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gedeão Pereira, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pereira participou do painel que tratou dos desafios de conciliar a segurança alimentar e energética com a segurança climática
3) Brasileiros importam quase US$ 900 milhões em eletrodomésticos
As importações de aparelhos e utensílios domésticos alcançaram o recorde de 868 milhões de dólares até outubro, segundo levantamento da Vixtra, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior.
4) Seca na região Norte impacta o escoamento de exportações
Na retrospectiva do Comex, a região Norte do Brasil enfrentou novamente um desafio iminente com a severa estiagem que assola a área. A escassez de chuvas provoca um impacto significativo no escoamento de exportações pela via fluvial do rio Amazonas. A preocupação cresce à medida que a navegabilidade do Amazonas, fundamental para o transporte de cargas, é comprometida.
5) Os impasses que ainda travam o acordo entre Mercosul e União Europeia
Empurrado por circunstâncias nem sempre controláveis, o desempenho do comércio exterior parece trilhar uma saudável rota ascendente — que se ampliaria consideravelmente com a sempre postergada assinatura do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, uma vigorosa ferramenta econômica cuja negociação se arrasta há mais de vinte anos.
6) O avanço da energia gerada por painéis solares no Brasil
A energia solar fotovoltaica já é a segunda fonte na matriz elétrica do Brasil, ultrapassando a geração de origem eólica. O balanço mais recente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que os painéis solares instalados em usinas, residências, propriedades rurais e prédios comerciais, industriais e públicos suprem quase 16% da energia elétrica no país, impactando diretamente na importação destes componentes.
7) Allog compra duas empresas cearenses de logística
Empresa especializada em logística internacional, o Grupo Allog anunciou a aquisição das companhias cearenses Ftrade e Fortallog. A compra faz parte do projeto de ampliação do portfólio de negócios da companhia com sede em Itajaí (SC) e unidades em diferentes regiões do Brasil.
8) Canal do Panamá reduz tráfego de navios devido à seca
O Canal do Panamá, que enfrentou uma grave seca, reduziu de maneira gradual o tráfego de navios para economizar água. Em 2022, 39 navios passaram em média por dia pelo local, mas o número registra queda há vários meses.
9) Brasil se consolida como o maior exportador mundial de alimentos industrializados
Na esteira do boom do agronegócio, o Brasil se consolidou, no início deste ano, como o maior exportador mundial de alimentos industrializados em volume, com 64,7 milhões de toneladas registrados ao longo de 2023, à frente dos Estados Unidos.
10) Ataques no Mar Vermelho forçam redirecionamento de navios e afetam cadeias de suprimentos
Os crescentes ataques contra navios no Mar Vermelho abalam, neste final de 2023, o comércio marítimo, com as principais companhias marítimas globais desviando para a rota em torno do Cabo da Boa Esperança para evitar o Canal de Suez. Os principais armadores, incluindo a MSC, começaram a navegar pela África, aumentando os custos e os atrasos que devem se agravar nas próximas semanas. Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial passa pelo Canal de Suez, a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia.