Alta nos preços dos fretes marítimos: entenda como driblar o cenário

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A alta nos preços dos fretes marítimos desafia o mercado logístico internacional desde o início de 2021. A pandemia do Coronavírus fez os níveis de frete das exportações brasileiras em contêineres atingirem consecutivos recordes desde março de 2020, quando os fluxos de diversas cadeias logísticas foram interrompidos, levando a demanda por transporte nas principais rotas comerciais mundiais às alturas. Como consequência, nos seis primeiros meses deste ano, os fretes tiveram aumento de 500% em média na rota Brasil x os Estados Unidos, conforme aponta um estudo de mercado realizado pela Allog, empresa especializada em logística internacional.

Há poucos sinais de alívio na escalada da alta nos preços dos fretes marítimos para os próximos meses e as taxas devem, portanto, continuar subindo no segundo semestre. Isso porque a capacidade/oferta de transporte e a disponibilidade de contêineres são insuficientes, no curto prazo, para atender à constante demanda global.

alta nos preços dos fretes marítimos

ALTO FLUXO DE CARGAS NOS MARES

Hoje, cerca de 80% das mercadorias consumidas no mundo são transportadas por navios, conforme aponta a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD na sigla em inglês). A flutuação dos fretes para embarques em contêineres têm um impacto particular no comércio global, visto que quase todos os produtos manufaturados – incluindo roupas, medicamentos e produtos alimentícios processados – são enviados através destes equipamentos.

Ainda conforme a UNCTAD, os custos de envio aumentaram drasticamente e a competição acirrada por espaço se tornou o desafio central do mercado envolvendo o transporte marítimo internacional. Mesmo com a produção de novos navios e contêineres em andamento, o aumento da capacidade de transporte dos armadores será lento e a alta nos preços dos fretes marítimos deve continuar a atingir novos máximos este ano, permanecendo acima dos níveis pré-pandêmicos no médio prazo.

ALTAS DE PREÇO MAIORES EM OUTROS PAÍSES

Segundo Dalton Souza de Almeida, Consultor Comercial da Allog, “os custos de envio têm crescido fortemente desde 2020, mas os primeiros meses de 2021 viram um aumento sem precedentes nos preços ao longo das principais rotas comerciais”.

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Nesse sentido, em janeiro deste ano, o frete internacional para um contêiner de 40 pés partindo do Sul do Brasil com destino ao Golfo dos Estados Unidos custava em torno de 1,2 mil dólares. Em agosto, o transporte no mesmo trecho passou a custar, em média, 6 mil dólares.

>>> Leia também: Escassez de contêiner afeta comércio internacional com a Europa

A alta nos preços dos fretes marítimos, no entanto, não é exclusividade do Brasil, como explica Almeida, pois as tarifas atuais ainda estão bem abaixo dos preços praticados em rotas comerciais mais concorridas. Quando comparado a outras rotas do globo, como os Estados Unidos x Ásia e os Estados Unidos x Europa, o preço do transporte internacional partindo do Brasil é considerado competitivo. Um exportador americano que deseja enviar cargas para a Ásia, por exemplo, chegou a pagar mais de 20 mil dólares para um contêiner de 40 pés.

Este fato, segundo Almeida, contribui para manter as exportações nacionais aquecidas, pois “mesmo com a enorme alta no valor do frete em um curto espaço de tempo, a atividade não é inviabilizada porque os concorrentes de alguns produtos brasileiros estão sendo ainda mais penalizados em outros pontos do mundo”, observa o profissional da Allog.

A alta nos preços dos fretes marítimos nas rotas entre os Estados Unidos, Europa e Ásia também reduz o estoque de contêineres circulando na América do Sul, já que os armadores acabam priorizando trechos que lhe rendam maiores receitas e direcionam, portanto, mais contêineres para estes mercados.

MAS AFINAL, POR QUE O FRETE MARÍTIMO SUBIU TANTO?

A pandemia é a principal causa. Quando o surto de Covid-19 forçou a China, em um primeiro momento, a adotar lockdowns e outras medidas restritivas no início de 2020, o setor manufatureiro dessa região precisou suspender atividades por várias semanas.

No final de 2020, o comércio internacional, até então desestabilizado pela pandemia, mostrou grande recuperação (o “V” virtual moldou a regeneração econômica das principais economias mundiais). Isso porque, impossibilitados de gastar em serviços pessoais devido às imposições da pandemia, consumidores de todo o mundo mudaram os comportamentos de compra e passaram a destinar a renda economizada com serviços para a compra de bens, aumentando os gastos com reformas das casas e com produtos manufaturados para o lar, incluindo móveis e eletrodomésticos.

Consequentemente, cadeias de suprimentos globais voltaram a operar a todo vapor e muitos portos acabaram sobrecarregados pelo aumento brusco da demanda – como o porto de Los Angeles/Long Beach, da Califórnia, nos Estados Unidos – e lutam para carregar e descarregar contêineres com rapidez suficiente para acompanhar a movimentação de navios que aguardam no mar para atracar.

COMO DRIBLAR A FALTA DE CONTÊINERES E DE NAVIOS?

Mais do que nunca, segundo Dalton Souza de Almeida, o planejamento antecipado da cadeia produtiva e logística da carga tem sido fundamental. Se no primeiro semestre de 2020 um fabricante brasileiro de portas de madeira levava, em média, 80 dias para fabricar, embalar, transportar e entregar a carga na porta do cliente nos Estados Unidos, este período aumentou para 100 dias.

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Da mesma forma, o planejamento de todo o processo logístico desta carga também precisou ser antecipado em pelo menos duas semanas. Em 2020, o cliente poderia avisar o agente de cargas sobre a necessidade de um determinado frete internacional até 15 dias antes do embarque. “Agora, é necessário que o exportador nos contate com pelo menos 30 dias de antecedência se desejar cumprir o prazo de entrega prometido ao cliente dele no destino”, resume o profissional da Allog.

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