Antes da chegada do contêiner no comércio internacional, no início da navegação marítima as mercadorias eram transportadas por meio de tonéis. Como naquela época não havia eletricidade para os guindastes e muito menos empilhadeiras mecânicas, os tonéis eram as embalagens ideais por serem resistentes, fáceis de manusear no embarque e desembarque de produtos e práticos para rolarem na prancha de embarque existente nos antigos navios.
Foto: Radar Logístico e Sealand
Com o passar do tempo e com a construção de navios e embarcações mais engenhosas e capacitadas o problema das embalagens passou a ser o tamanho e não mais o peso. Afinal, dependendo do país ou da região em que eram utilizados, os tonéis tinham capacidades diferentes. Os armadores nessa época estavam interessados em levar mais, independente do peso e, como os tonéis ocupavam muito espaço, deviam ser substituídos por outro tipo de embalagem.
Com o início da industrialização e da produção das mercadorias manufaturadas começaram a aparecer as chamadas cargas fracionárias, o que dificultava ainda mais o modo de embalar, uma vez que não tinham padrão de tamanho.
O sistema mundial de transportes começou a sofrer com essa diversificação. Os caminhões eram construídos para um tipo de transporte regional enquanto os navios transportavam mercadorias diferentes, de diferentes países e regiões, sem um padrão único.
Em 1901, o inglês James Anderson divulgou um tratado sobre a possibilidade do emprego de “receptáculos” uniformes no transporte internacional, mas somente em 1950 as diversas nações do mundo se conscientizaram desse problema e começaram a ditar normas para essa padronização.
Depois de muito debate em âmbito internacional, apenas uma norma ficou definida: a proposta “embalagem” deveria ser metálica, suficientemente forte para resistir ao uso constante, e de dimensões modulares.
No entanto, a briga continuou em relação às suas medidas, levando os países a dividirem-se entre duas facções: a Europa instaurou a ISO (International Standards Organization) e os Estados Unidos instituíram a ASA (American Standards Association).
No ano de 1950, o exército americano desenvolveu o seu recipiente chamado Conex, ou Container Express Service, nas medidas 6x6x8 pés.
Ainda nos anos 50, o jovem americano Malcom McLean, motorista e dono de uma pequena empresa chamada Sea Land Service, ao observar o lento embarque de fardos de algodão no porto de Nova Iorque, teve a ideia de armazená-los e transportá-los em grandes caixas de aço que pudessem, elas próprias, serem embarcadas nos navios. Estabeleceu as seguintes dimensões para sua embalagem: 35x8x8 ½ pés. McLean havia mostrado ao mundo o primeiro contêiner e assim surgiu contentorização¹.
Com o tempo, Mc Lean aprimorou os métodos de trabalho e expandiu a Sea Land Service, tornando-a uma das pioneiras do sistema intermodal, abrangendo transporte marítimo, fluvial, ferroviário, além de terminais portuários, posteriormente chamada de Maersk-Sealand².
Três anos depois, o mundo começou a sentir a real necessidade da padronização das medidas dos contêineres, mas somente em 1968 as normas da ISO foram aceitas como padrão.
As normas da ISO só foram adotadas pelo Brasil em 1974, quando a ABNT emitiu as primeiras normas relativas aos contêineres, incluindo sua terminologia, classificação, dimensões, especificações e outras.
Em 1998, a Lei nº 9.611, conhecida como “LEI do OTM” (Operador de Transporte Multimodal), substituiu a Lei do Contêiner (Lei nº 6.288/75), e hoje o contêiner não constitui embalagem das mercadorias, mas é um equipamento ou acessório do veículo transportador, portanto ele pode trafegar livremente em todo o território nacional sem precisar de nota fiscal quando vazio ou cheio. O veículo transportador só deverá ter a nota fiscal da mercadoria.
É importante ressaltar que nos portos não será exigido pelas autoridades nenhum tipo de documento específico ao contêiner, pela conotação adotada pela legislação vigente.
Fonte: Produzido por Janaina Silva e cedido por TWS Comex
¹: Consiste no uso de contentores ou containers para o transporte de mercadorias, principalmente no transporte marítimo.
²: A SeaLand mudou de mãos várias vezes e no ano de 1999 foi adquirida pela Maersk, tornando-se a Maersk-Sealand.
Veja Também:
Vídeo do Wall Street Journal (WSJ) sobre a história do Contêiner.