Mulheres no mercado de trabalho: elas ainda estão em desvantagem

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Mulheres são menos propensas a participar do mercado de trabalho do que os homens e têm mais chances de estarem desempregadas na maior parte dos países do mundo, afirma recente estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançado no ano passado. No Brasil, as mulheres no mercado trabalho que trabalham com remuneração recebem 20% menos do que homens. E a média salarial dos trabalhadores é 26% maior do que das trabalhadoras.

mulheres no mercado de trabalho

Segundo a OIT, a taxa global de participação das mulheres no mercado de trabalho ficou em 48,5% em 2018. São 26,5 pontos percentuais abaixo da taxa dos homens. A taxa de desemprego das mulheres ficou em 6%, aproximadamente 0,8 ponto percentual maior do que a taxa dos homens. No total, isso significa que, para cada 10 homens empregados, apenas seis mulheres estão empregadas.

Apesar do avanço nas últimas décadas, a participação delas no mercado de trabalho permanece inferior à dos homens na maior parte dos países. De acordo com  Micheline Ramos de Oliveira, professora dos cursos de Medicina, Direito e Psicologia e do mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), é importante assinalar que a desigualdade no mundo do trabalho enfrentada pelas mulheres está diretamente relacionada à cultura machista, sexista, calcada no patriarcalismo e misoginia que institui nossas relações sociais e de gênero. “As mulheres que trabalham com remuneração no Brasil recebem 20% menos do que homens”, destaca a professora.

Segundo ela, é imprescindível que exista um investimento na educação de gênero e uma representatividade maior das mulheres no Legislativo. Hoje apenas 10% das cadeiras são ocupadas por elas. “As bandeiras levantadas por nossas representantes devem insistir em políticas públicas voltadas à diminuição da desigualdade de gênero”, acrescenta.

Dentre os países do G20, o Brasil ocupa o penúltimo lugar em representatividade na câmara de deputados e deputadas. Em 2019, foi perdida mais uma cadeira no senado. “Sem investimento na educação e formação política de meninas, mulheres e na sensibilização do público em geral sobre a importância do feminismo, ou seja, da igualdade de gênero, não conseguiremos alcançar a equidade no trabalho. Um país onde a desigualdade impera, não existe democracia”, reforça.

Micheline reconhece, no entanto, que o Brasil teve  alguns avanços na relação das mulheres no mercado de trabalho, mas para ela ainda são irrisórios. “São necessárias políticas públicas consistentes objetivando a geração de emprego e renda para as mulheres. Isto só será possível a partir do momento em que nossos  representantes se conscientizarem sobre a necessidade de investir na educação para descontração de nossa cultura machista”, completa.

Mundo

O relatório “Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências para Mulheres 2018” revela disparidades significativas, dependendo da riqueza dos países. Por exemplo, as diferenças nas taxas de desemprego entre mulheres e homens nos países desenvolvidos são relativamente pequenas. As mulheres chegam até a registrar taxas de desemprego menores do que os homens no Leste Europeu e na América do Norte.

Nos estados árabes e no Norte da África, as taxas de desemprego entre as mulheres ainda são duas vezes maiores do que as dos homens, com as normas sociais prevalecentes continuando a bloquear a participação das mulheres em empregos remunerados. Outro exemplo dessas disparidades é que a diferença nas taxas de participação no emprego entre eles e elas está se reduzindo nos países em desenvolvimento (baixa renda) e nos países desenvolvidos (alta renda), enquanto continua a aumentar em países emergentes (média renda). Isso pode ser um reflexo do fato de que um número crescente de mulheres jovens nesses países entrou no sistema de educação formal, o que atrasa sua entrada no mercado de trabalho.

Mulheres no trabalho informal

O estudo também mostra que as mulheres enfrentam desigualdades significativas na qualidade do emprego que possuem. Por exemplo, em comparação com os homens, elas ainda têm mais que o dobro de chances de serem trabalhadoras familiares não remuneradas. Isso significa que contribuem para um negócio familiar voltado para o mercado, muitas vezes sujeitas a condições de emprego vulneráveis, sem contratos escritos, respeito pela legislação trabalhista ou acordos coletivos.

Enquanto nos países emergentes a participação das mulheres entre trabalhadores familiares não remunerados diminuiu na última década, nos países em desenvolvimento ela continua alta, representando 42% do emprego feminino em 2018, em comparação com 20% do emprego masculino, e sem sinais de melhoria até 2021. Como resultado, há mais mulheres no emprego informal nos países em desenvolvimento. Estes resultados confirmam pesquisas anteriores da OIT que alertaram sobre desigualdades significativas de gênero em relação a salários e proteção social.

Analisando as mulheres que administram empresas, o estudo observa que, no mundo todo, quatro vezes mais homens estão trabalhando como empregadores do que mulheres em 2018. Essas desigualdades de gênero também se refletem em cargos de gestão, onde as mulheres continuam a enfrentar barreiras do mercado de trabalho para acessar estes postos.

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