O vinho europeu chegará mais acessível à nossa mesa?

Compartilhe esse artigo

Antes das gôndolas estarem recheadas de vinho europeu e queijos camembert, precisamos entender um pouco mais o que mudará após a aprovação do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. E afinal, o que seria um acordo de livre comércio? É um acordo que visa facilitar a circulação de mercadorias e serviços entre países. Ele facilita o intercâmbio comercial e promove benefícios mútuos entre as partes. Regulamentações são firmadas e medidas são tomadas para que tudo isso seja possível.

No final de junho, chegou ao fim a negociação que perdurou anos entre União Europeia e Mercosul. Além dos diversos pontos de alteração que foram abordados no texto “Acordo Mercosul e União Europeia: os impactos para o Brasil”, um dos temas que será bastante impactado é o segmento dos vinhos.

Otimismo com o vinho europeu

Há bastante otimismo para os especialistas do vinho europeu. Estima-se que os vinhos com valor agregado mais elevados (na faixa de 120 a 200 reais) serão os mais impactados. A previsão de queda no valor é de 10% a 30%. Com preços mais acessíveis, é provável que ocorra um aumento do consumo do vinho europeu no país. Fazendo um balanço entre o consumo de vinho importado e nacional a média geral de consumo de vinho pelos brasileiros é de 2 a 3 garrafas ao ano.

Em relação ao consumo de vinho importado, ele já representa 49% do consumo no Brasil, com maior destaque para os rótulos do Chile, Argentina, Portugal, Itália e França (Fonte: Revista Época) possuímos aproximadamente 30 milhões de consumidores de vinho, porém, há um potencial de pelo menos 50 milhões de novos  consumidores. Conheça os 9 passos do vinho até a sua mesa aqui.

vinho europeu

E o vinho nacional?

Para o produtor local, a abertura do comércio será benéfica? Com a entrada do vinho europeu a preços mais acessíveis no país, haverá uma concorrência muito maior. Sem dúvida, as vinícolas brasileiras terão que reajustar o preço dos rótulos. No entanto, para isso ocorrer, será necessário investimento em inovação, além de iniciativas do governo que possibilitem redução do preço. Desta forma, fomenta-se o consumo de vinhos brasileiros no mercado interno. Também aumenta a visibilidade e promoção dos nacionais no exterior.

Um fundo de R$ 150 milhões foi recentemente anunciado pelo governo brasileiro para incentivo a este setor. Outra notícia importante é que o Rio Grande do Sul zerou o ICMS para operações dentro do Estado. O estado é responsável pela produção de mais de 80% do vinho brasileiro. O decreto que oficializa a eliminação da substituição tributária aplicada a vinhos e espumantes entrou em vigor no mês de agosto. A medida melhora o fluxo financeiro das empresas gaúchas, incentivando o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico.

O estado de Santa Catarina também adotou medidas que visam alavancar o mercado de vinho e espumantes no Brasil. Entra em vigor no dia 1º de outubro o Decreto nº 252 (D.O.E de 05/09/2019). Ele retira o vinho (NCM 2204) do sistema de cobrança antecipada de ICMS. Sem a aplicação deste sistema, a cobrança do imposto será realizada após a venda ao consumidor final e impactará as operações internas e interestaduais que tenham como destino Santa Catarina. Esta modificação deverá fornecer melhores condições para a produção catarinense de vinhos de altitude e espumantes competirem com outros estados e com os vinhos importados.

Há também um nicho de mercado incrível para o espumante nacional. Este consegue ser competitivo em termo de qualidade e preço aos importados. O moscatel brasileiro é reconhecido e premiado mundialmente, com características bastante singulares que trazem a boca um sabor frutado, doce e aromático.

Todavia, não será do dia para a noite que o vinho europeu estará em nossas mesas a preços mais acessíveis. É previsto que a redução da alíquota de importação para este produto ocorra no prazo de 12 anos. É o tempo hábil para que os produtores brasileiros e o governo se adequem à mudança de cenário. Ainda há muitas dúvidas por parte dos produtores de como será liberado os recursos do fundo a ser criado pelo governo e se haverá outras medidas compensatórias que reduzam o “custo Brasil” para a produção de vinhos e espumantes.

Cachaça made in Brazil

A cachaça, paixão nacional conhecida mundialmente, será reconhecida como distintivo do Brasil. Ou seja, haverá um reconhecimento e proteção da Indicação Geográfica da Cachaça. Isso representa proteção ao nosso produto no exterior e fomento à exportação para o bloco europeu, um dos maiores mercados consumidores do produto. Este reconhecimento funcionará como já ocorre com a Champagne. Esta é reconhecida somente os espumantes produzidas na região de Champagne, na França, atendendo métodos de cultivo, poda e produção específicos, garantindo a excelência do produto.

vinho europeu

Mais artigos

seleções de futebol
Torcedor Allog 2022

Seleções de futebol terão direito de levar até 26 jogadores ao Catar

As 32 seleções de futebol que vão disputar a Copa do Mundo de 2022, no Catar, vão poder inscrever até 26 jogadores, incluindo três goleiros. Diferentemente da regra anterior, que estabelecia a presença de 23 inscritos como obrigatória, agora há margem para convocar e inscrever até 26 jogadores. A única exigência é que três deles,

Blog

Vinícolas gaúchas respondem por 90% das exportações de vinhos do Brasil

As vinícolas gaúchas correspondem a 90,1% das exportações brasileiras de vinhos e espumantes. Destes, 85% dos rótulos são elaborados na Serra Gaúcha, região considerada propícia para o cultivo de uvas, além de concentrar importantes vinícolas do mercado. A cidade de Farroupilha, por exemplo, detém a Indicação de Procedência (IP) para a produção da uva do

Rolar para cima