O importador e o exportador que tentarem fazer uma previsão demasiadamente antecipada sobre o comportamento da oferta e demanda do frete marítimo mundial correm o risco de errar diante de cenários tão dinâmicos e voláteis. Este foi um dos alertas que o diretor comercial do Grupo Allog, Rodrigo Viti, e o diretor da Solves Shipping Intelligence, Leandro Carelli Barreto, trouxeram no workshop “Cenários e Perspecitvas do Shipping”. Ambos ministraram dentro da agenda do 10º Meeting Comex 2023, em Joinville (SC).
Confira entrevista que eles nos concederam logo após a palestra.
Blog da Allog: Na palestra, vocês explicaram que quem fizer expectativas muito antecipadas sobre a oferta e demanda do frete marítimo corre o risco de errar. Por quê?
Leandro Carelli: São muitas as variáveis que influenciam o frete marítimo na atualidade. Temos visto cada vez mais rupturas inesperadas. Dos lockdowns na Ásia, Europa e Estados Unidos até a guerra na Ucrânia, tudo impacta diretamente no valor e no fluxo internacional de cargas. Quando a gente acha que o mundo está indo para um lado, acontece uma ruptura e o setor dá uma derrapada de 180 graus, mudando tudo do dia para a noite.
Blog da Allog: Mesmo assim, é possível fazer uma gestão de planejamento de frete de cargas?
Rodrigo Viti: Com certeza, mas é necessário revisitar as informações com frequência, de preferência, semanalmente. É fundamental atualizar os cenários em função de tantas variáveis que tem acontecido no mercado. Não dá mais para fazer o planejamento do frete marítimo do próximo ano em setembro ou outubro do ano anterior e nunca mais rever as informações do mercado. É fundamental readequar os planos a partir das mudanças constantes.
Blog da Allog: Entre as variáveis que impactam no valor do frete marítimo, qual a principal na atualidade?
Leandro Carelli: Frete é commoditie e a principal variável é a relação entre oferta e demanda. Temos também o IMO 2023, que vai fazer com que os navios desacelerem e, uma vez que o navio desacelerou, serão necessárias mais embarcações para fazer a mesma rota. Talvez a variável mais difícil de todas seja mesmo a demanda. Existia uma perspectiva de um crescimento do volume mundial de contêineres de 5,9% em 2022 e acabou crescendo só 0,1%. E não somos só nós aqui no Brasil que temos dificuldade de prever a demanda. O mercado está tão dinâmico e volátil que o mundo inteiro está com dificuldades de prever este cenário.
Blog da Allog: De que forma o IMO 2023 impacta diretamente?
Leandro Carelli: Navios menores, ineficientes ou mais velhos não vão atingir os níveis máximos permitidos de emissão de gases prejudiciais ao meio ambiente e precisarão sair do mercado. E tirando navios do mercado, será preciso navegar com navio mais novo, maior e mais cheio. Tudo isso impacta na relação entre oferta e demanda do frete marítimo.
Blog da Allog: E que pode acontecer com o valor do frete marítimo no segundo semestre de 2023? Já é possível prever algo?
Rodrigo Viti: Será necessário avaliar o comportamento do mercado por mais 1 ou 2 meses para entender se o mundo está em recessão ou deflação, e o que definirá a força da demanda. Os armadores ainda têm muitas ferramentas que podem lançar mão para equilibrar a oferta e a demanda. A gente só não sabe como e com que intensidade eles vão usar.
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