Uma alternativa logística tem garantido o fluxo de cargas durante os longos períodos de seca no Norte do país: píer flutuante. A estiagem que afeta o Amazonas nos últimos anos tem causado um impacto significativo na economia local. A interrupção do transporte fluvial, principal via de escoamento da produção da Zona Franca de Manaus, na capital do Estado, resulta em prejuízos bilionários e compromete o abastecimento da região.
Diante desse cenário desafiador, a instalação de um píer flutuante em Itacoatiara, a 270 km de Manaus, se mostrou uma solução eficaz para garantir a continuidade do transporte de cargas, mesmo em momentos de estiagem.
Medidas restritivas
O Rio Amazonas, artéria vital para o transporte de cargas na região Norte, enfrenta sérias dificuldades devido à seca prolongada. A redução do nível das águas, especialmente nos trechos da Costa do Tabocal e da Foz do Rio Madeira, tem comprometido a navegabilidade e exigido medidas restritivas por parte da Marinha do Brasil. Em 2023, a autoridade marítima impôs limitações à navegação nessas áreas críticas, visando minimizar os riscos de acidentes e garantir a segurança das embarcações.
Custos extras no frete
Instalado em 2024, o píer flutuante tem sido crucial para garantir a continuidade do transporte de cargas. “Esse equipamento, com capacidade para receber grandes navios, permite a transferência de cargas para balsas de menor calado. Também garante a continuidade do transporte mesmo em trechos com pouca profundidade”, pontua Gabriel Werneck, consultor de vendas da Allog em Manaus.
Em 2023, o porto da capital chegou a ficar 60 dias em operação. A implementação do píer flutuante trouxe diversos benefícios para a região, como a continuidade das operações, a minimização dos impactos econômicos da seca e a manutenção da atividade econômica local.
“No entanto, essa solução também apresenta alguns desafios. Isso inclui a complexidade da gestão de um sistema de transporte multimodal e a necessidade de cuidados especiais na transferência de contêineres. Além disso, também aumenta o tempo de operação da carga entre cinco a sete dias”, detalha o profissional da Allog. A cobrança da taxa de rio seco (LWS), diretamente relacionada às condições adversas de navegabilidade, também impacta nos custos do transporte de mercadorias.
Mudanças climáticas e as soluções
A experiência com o píer flutuante demonstra a importância de investir em soluções inovadoras para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. A dragagem planejada para as regiões do Tabocal e Enseada do Madeira, aliada à utilização desse equipamento, contribuirá para garantir a navegabilidade do Rio Amazonas, mesmo em períodos de estiagem prolongada.
Os píer flutuante representa um marco histórico para o setor logístico do Amazonas. Essa solução inovadora demonstra a capacidade de adaptação e resiliência da região diante dos desafios impostos pela natureza. Ao garantir a continuidade do transporte de cargas, os píeres contribuem para o desenvolvimento econômico e social do Amazonas.
O que é LWS?
Durante a estiagem, o sistema portuário amazonense sofre com a incidência da LWS – Taxa de Rio Seco, que impacta diretamente nos custos da movimentação de cargas. Aplicada pelas empresas de transporte, a LWS visa garantir a continuidade das operações, mesmo em condições adversas de navegabilidade, como a utilização de balsas em trechos críticos do Rio Amazonas. Trata-se de uma cobrança extraordinária e temporária, vinculada a eventos climáticos extremos, como a seca prolongada. A taxa é reavaliada periodicamente, considerando a gravidade da estiagem e as alterações nas condições de navegabilidade do rio.