Baden Powell, o criador do movimento escoteiro, costumava ensinar que era necessário deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos. E que a maior felicidade é poder contribuir para a felicidade alheia. Já o navegador Amyr Klink afirma que um homem precisa viajar, conhecer o frio e o calor, sentir a distância e o desabrigo, para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser.
Sair da zona de conforto e “estourar as bolhas culturais” que nos cercam para contribuir com a felicidade de outra pessoa pode ser um exercício difícil e dolorido. Mas também, entre os mais transformadores.
O diretor de Desenvolvimento Humano e Organizacional do Grupo Allog, Eduardo Meira (o Duda), e o gerente de Tecnologia da Informação (TI) da empresa, Cleiton Machado, encerram a série “Pessoas do Mundo Allog” – iniciada em janeiro deste ano – por uma razão muito especial. Em fases diferentes de suas histórias pessoais, se desprenderam de rotinas profissionais intensas para conhecer o mundo como ele é. E ajudaram a deixar os lugares por onde estiveram um pouquinho melhor do que encontraram.
Ensinar em um campo de refugiados
Duda Meira sempre se sensibilizou com temas ligados a imigrantes refugiados. Quando teve acesso a informações sobre a ONG brasileira Fraternidade Sem Fronteiras, que atua em países como Moçambique, Madagascar e no campo de refugiados de Malawi, na África, algo o despertou para a ação.
Em julho deste ano, o diretor da Allog zarpou em direção ao Malawi para atuar como voluntário em um dos maiores campos de refugiados do mundo na cidade de Dzaleka. Lá, vivem 45 mil pessoas em condições extremamente precárias, com escassez de alimentos, sem saneamento básico ou água potável.
A comunidade concentra adultos, crianças e idosos de sete países, incluindo Congo, Ruanda e Zâmbia. “São pessoas que perderam a referência de pátria e de passado, muitas vezes fugidos de guerras civis e situações ainda piores em suas regiões de origem”, conta.
A ONG desenvolve projetos diversos dentro do campo, a exemplo do Nação Ubuntu, que dispõe de 10 hectares de terra e onde são ministradas oficinas de agrofloresta, biocarvão, costura e sabão que geram renda para os acolhidos e os capacitam para o trabalho. São mais de 700 pessoas ajudadas pelo projeto.
Caravana de profissionais voluntários
Duda Meira embarcou em uma caravana pedagógica com outros 24 brasileiros. Eram psicólogos, médicos, dentistas, professores e outros profissionais. Em cada um dos 6 encontros agendados antes da viagem, as responsabilidades eram divididas de acordo com cada dia.
Na escola gerida pela ONG, que atende 900 crianças do campo de refugiados, o grupo fez desde limpeza, participou de um dia especial da saúde, ensinou como lavar corretamente as mãos, monitorou atividades de uma colônia de férias, falou sobre o ciclo menstrual feminino. Na unidade escolar, os pequenos também se alimentam – muitos deles comem ali a única refeição do dia.
“Quando fui visitar o campo com o casal que gere o Fraternidade Sem Fronteiras foi um dos dias mais difíceis da minha vida, tamanha a miséria que presenciamos. É algo muito chocante, se levarmos em consideração que eles têm pouquíssima chance de sair dali. Mesmo assim, eles não desistem, possuem uma fé gigante que a vida irá melhorar”, cita Duda.
Frutos na Allog
O trabalho voluntário de Eduardo Meira com a Fraternidade Sem Fronteiras deve gerar frutos sociais dentro da própria Allog. Em fevereiro de 2025, o coordenador pedagógico do Nação Ubuntu, Evaldo José Palatinsky, dará uma palestra na Allog para falar sobre o desenvolvimento das crianças atendidas pela ONG.
A empresa irá adotar 50 crianças do Nação Ubuntu para custear alimentação, livros, brinquedos pedagógicos, treinamento dos professores, entre outras despesas. Atualmente, pessoas físicas e jurídicas de diversas partes do mundo contribuem de forma continuada com a ONG, além dos voluntários que, assim como o diretor da Allog, atuam presencialmente junto ao projeto. Para saber como ajudar acesse https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/.
Vendeu o fusca velho e foi embora
Era 2003 quando Cleiton Machado fazia faculdade de Comércio Exterior e trabalha em banco, em uma rotina um tanto quanto estressante. “Eu tinha 24 anos e resolvi pesquisar algum projeto de trabalho voluntário para desenvolver enquanto pensava qual rumo dar para a minha jornada”, conta.
Descobriu uma organização dinamarquesa chamada Humana People to People (https://www.humana.org/), que atuava junto às comunidades de Gaborone, capital da Botswana, país ao norte da África. Após conhecer melhor o propósito, decidiu vender o Fusca velho que tinha na época para comprar a passagem aos Estados Unidos, onde passou por um período de 6 meses de preparação antes de embarcar rumo à África. Era sua primeira viagem internacional.
Em Botswana, Cleiton atuou por mais 6 meses com estatística em um programa do governo para Controle de Epidemias, especialmente de HIV. “Acompanhávamos pesquisas de campo para conferir o resultado do alcance do programa governamental junto às comunidades. No interior, as casas eram feitas de barro e faltava água para beber. A miséria era muito grande”, recorda.
Alegria nata dos africanos
Cleiton lembra que o que mais o chocou era o volume de famílias infectadas com o vírus HIV e os casos contínuos de mortes em decorrência da doença. Entre as lições que aprendeu, estiveram a alegria nata de um povo que passa por inúmeras dificuldades sem esmorecer. “São bem ligados à música. As pessoas cantavam e dançavam mesmo sem ter nenhum tipo de estrutura mínima para qualidade de vida. Depois de sair de um país como os Estados Unidos, que tem tudo o que o dinheiro compra, assistir à alegria genuína da África foi um presente”, diz.
Ao voltar para o Brasil, Cleiton Machado retornou para o banco, finalizou a faculdade e começou a atuar com Comércio Exterior. “Comecei a tomar decisões melhores e mais maduras, além de passar a quebras padrões e medir o que é sucesso para cada um”, finaliza.
Sobre o Pessoas do Mundo Allog
A série “Pessoas do Mundo Allog” iniciou em 28 de janeiro deste ano – Dia do Comércio Exterior – com o propósito de contar histórias de colaboradores da Allog que se tornaram, de alguma forma, cidadãos do mundo. Aqui no blog, destacamos perfis de quem nasceu no Brasil e foi morar no exterior e de quem fez o caminho inverso. Contamos casos de quem fez a primeira viagem internacional para fazer intercâmbio, de quem passou a morar na China, e de quem já não consegue contar o número de países visitados em um par de mãos.
Histórias únicas, repletas de memórias e orgulhos. Trabalhar no Comex abre portas nunca imaginadas. É preciso estar atento aos diferentes comportamentos do mundo, aberto ao novo e ao momento presente.
Se desejar, relembre outras 9 Pessoas do Mundo Allog nos links abaixo.
Pessoas do Mundo Allog: o futuro investido no Canadá
Pessoas do Mundo Allog: o sonho realizado de morar no exterior
Pessoas do Mundo Allog: cidadã americana com muito orgulho
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Pessoas do Mundo Allog: 1.100 KM de bike até a Argentina
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